Ayvu Rapyta - Palavra Habitada
Somos um grupo de contadores de histórias
que tem como fio condutor as narrativas contadas e costuradas na roca do tempo das culturas.
Buscamos no prazer das leituras, habitar com sonho e magia no coração das pessoas.
www.ayvurapyta@gmail.com e também no facebook

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A casa das palavras


As palavras são livres,
Vivem em todo lugar:
Em nossas mentes,
No céu, na terra,
No mar e no ar.

Mas elas também
Têm um lugar para descansar
E ficar protegidas: O LIVRO.

Estar “no livro” é estar na morada das palavras.
E quando nós quisermos visitá-las,
Conversar, rir ou chorar com elas?
Basta abrir a porta do livro...
A porta da casa delas.

Quando abrir o livro,
Elas estarão lá, de braços abertos,
Prontas para nos receber.

E irão nos oferecer _sim, pois são muito educadas:
Realidade, fantasia,
Coisas nunca sonhadas,
E muita, muita poesia.

E quando formos embora
Nos dirão, já com saudade:
_Vá, mas volte a qualquer hora.

(Ana Selma Cunha - Este texto foi vencedor do concurso de Poesia “Ida Oliveira” /2005)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Quem conta um conto...Trovas de Juraci Siqueira


Na última reunião fomos presenteados com a participação do poeta e trovador paraense Antônio Juraci Siqueira, que nos apresentou suas trovas sobre os contadores e sua arte, uma beleza de se ver...Lembrando que le sempre presentea as pessoas com o coração do poeta(foto ao lado)Você já levou o coração do Juraci?Quem sabe na próxima roda de histórias!!
De quando em vez me comovo
No meio da garotada
Descobrindo um mundo novo
Num velho conto de fada!

A vida – tão complicada,
Cheia de problemas mil –
É simples, bela e encantada
Dentro do conto infantil!...

Nesta vida de procuras
Entre certeza e o talvez,
Até as histórias futuras
Têm gosto de “era uma vez”...

Para vencer os conflitos
Dos nossos dias tristonhos,
Inventa um conto bonito
E nela guarda os teus sonhos!

Cada história recontada
É uma fecunda semente
Que quando na alma é lançada,
Germinará novamente!

Quando as luzes da ribalta
O tempo apaga, sem dó,
Meu coração sente falta
Das histórias da vovó...

Brincadeiras de criança,
Histórias do “era uma vez”...
-Quando mais a idade avança
mais eu clamo por vocês!...

Dragões, animais falantes,
Duendes, bruxas malvadas...
- Quantos mitos cativantes
num simples conto de fadas!
-Dona Benta!Narizinho!
Pedrinho!Emília!Visconde!...
Hoje, confuso e sozinho,
Chamo e ninguém responde...

Contador, conta teu conto
E, nessa tão nobre lida,
Aumentarás mais um ponto
Na tua história de vida!

Ao fim das longas jornadas
Poucos de nos percebemos
Que a vida é um conto de fadas.

Para viveres sem trauma,
Planta amor onde passares
Pondo um pouco da tua alma
Nas histórias que contares!

Conta uma história de amor,
Põe nela paz e esperança
Que nada tem mais valor
Que os sonhos de uma criança!

Quem sonha um novo horizonte,
Torna o mundo mais risonho
E faz do conto uma ponte
Por sobre o rio do sonho!

José Monteiro Lobato,
Teu mundo alegre, infantil,
Tem vida e cheiro de mato,
Tem jeito de “Zé Brasil”!

Saltitante, zombeteiro,
Alegre, maledicente...
Como esse Saci matreiro
Instiga os sonhos da gente!

Nem mesmo o computador
Com internet e companhia,
Substituem a magia
Que há na voz de um contador”

domingo, 10 de agosto de 2008

Memória da reunião de 09/08/08. (o retorno)

A primeira reunião foi como dizemos no léxico paraense-papa-chibé, pai d’ égua!!Fomos presenteados com a presença de dois escritores paraenses, Juraci Siqueira, mais conhecido como o filho do boto, e Heliana Barriga, que neste dia estava completando mais uma primavera amazônica, com direito a parabolos para nós. Ave poeta!!
Nosso pontapé inicial do segundo semestre foi para planejarmos. A reunião começou com o texto “A árvore dos meus amigos”, momento de acolher o grupo, aninharem-se nesta árvore.

Encaminhamentos:

1.Feira Panamazônica do livro – Fechamos quem irá contar histórias na feira (Cléa, Vânia, Selma, Adrine, Andréa, Sônia, Maiolina, Marçal, Nazaré e Eny) as decisões a respeito do repertório, figurino, etc, serão tomadas numa reunião extra, a ser marcada posteriormente.

2.IFNOPAP (Imaginário nas formas narrativas orais populares da Amazônia Paraense) – Encontro organizado pelo Centro de Letras da UFPA, este ano acontecerá em Soure, Salvaterra e Cachoeira do Arari.Representantes do grupo no encontro:Marçal, Andréa, Sônia, Rodrigo, Cléa, Maiolina, Adrine(os quatro últimos a confirmar)

3. Caderno de Educação – A entrega dos textos sobre nossas histórias do encontro com a palavra através da contação de histórias será no dia 23/08(próxima reunião no bosque).

4. Blog - grupo comprometeu-se a nutrir o blog regularmente com textos de sua autoria ou outros que acrescentem a arte de contar histórias. Os textos serão enviados para o e-mail da Andréa Cozzi.

5. Editora Vozes – Andréa encomendará os livros, A arte de contar histórias no século XXI – Tradição e ciberespaço e Contar e encantar, da Cléo Busatto ,na livraria Ângelus.Pedidos para:Sônia, Rodrigo, Maiolina, Andréa, Cléa, Nazaré, Adrine, Eny, Marçal, Vânia, Paulo Demetrio, Joana, Juraci.Os que faltaram a reunião e estiverem interessados nos livros entrem em contato com a Andréa o mais rápido possível.

6.Nome do grupo – A escolha será feita na próxima reunião. O grupo pesquisará para levar sugestões (dever de casa).

7. Cronograma das rodas de histórias nos locais que atuam os contadores do grupo (os que ainda não fecharam data e local entrem em breve em contato com Sônia ou Andréa.

21/08 às 09:00 – Escola Municipal Nestor Nonato – Ana Selma.
17/09 às 09:00 – Escola Municipal Walter Leite Caminha – Roseni.
?/09 às ? – Feira do Livro - Grupo
02/10 às 09:00 – Escola Municipal Helder Fialho – Cléa Palha.
04/10 às 10:00 – Bosque Rodrigues Alves – Grupo
14/10 às 09:00 – Escola Municipal João Carlos Batista – Eny.
?/10 às 10:00 – Baixo Acará – Andréa Cozzi.
12/11 às 16:00 – Biblioteca Vagalume(Benguí) – Paulo Demetrio.
20/11 às 16:00 – Biblioteca do CENTUR – Maiolina.
22/11 às 09:00 – Centro Comunitário Parque dos Pinheiros(Tenoné) – Nazaré.
02/12 às 09:00 - ? – Marçal.

8. Informes – Paulo Demetrio socializou sua participação no 3º Congresso da Expedição Vagalume e, São Paulo. O encontro contou com o relato das experiências com o trabalho de incentivo a leitura em toda a Amazônia. Como diz o poeta curitibano Ricardo Corona, “flores no vaso é com vocês, eu vou regar um jardim”.
Juraci Siqueira – Socializou sua vitória literária no edital da secult de literatura infanto-juvenil com o livro de poemas para crianças, Paca, tatu, cutia não! Parabéns poeta, as crianças agradecem e os contadores também, mais poesias para recitarmos. Lembrou-nos da exposição na Fundação cultural Tancredo Neves que será feita em outubro homenageando seus 60 anos de vida e 30 de poesia, segundo ele “longa estrada percorrida, 60 anos de vida e 30 de poesia”. Vida longa poeta!!!!

“para viveres sem trauma,
Planta amor onde passares
Pondo um pouco da tua alma
Nas histórias que contares!”
Juraci Siqueira

Um amor de verão, as palavras!


Minha relação com as palavras iniciou-se nas férias de julho na casa de praia dos meus avós. Sempre fui aquele neto do contra, aquele que odiava correr na rua com todos aqueles primos chatos, ir atrás de pipa e pra concluir odiava sol!Ia para a praia empacotado e ficava embaixo do guarda-sol odiando aquela bola amarela lá no céu. Sempre reclamava e perguntava por que só íamos à praia quando estava aquele calor infernal?
A partir daí recusava-me a ir à praia e ficava na varanda da casa deitado na rede esperando o lanchinho delicioso da vovó. Até que um dia uma prima minha, mais velha, que já ia enfrentar o vestibular, chegou e disse que eu precisava aproveitar as férias de algum jeito, então me jogou no peito um livro chamado “O Alquimista” de Paulo Coelho.
No primeiro contato ri e disse: “Que capa ridícula!” Mas como não fazia nada mesmo o devorei e li durante todas as férias, apaixonei-me pelo mundo das letras. Li e não entendi nada, mas percebi que chamava a atenção das pessoas quando falava que tinha lido Paulo Coelho. Eu não via nada de mais, pois na verdade tinha odiado aquele tal de alquimista, mas amado as palavras.
Então passei a ler cada vez mais, entretanto, deixei de lado Paulo Coelho e passei a me perguntar por que meu primeiro contato com a leitura não tinha sido com outros autores, passei então a ler Rubem Alves?Hoje o amo e o odeio de vez em quando, pois seus livros me davam e dão sutis tapas na cara que devia levar da vida e faziam-me ter crises existenciais, nas quais ninguém me agüentava, e pra falar a verdade nem eu às vezes.
Mas agradeço ao Paulo que foi o cupido da minha relação com as palavras, e a Rubem, cupido do meu amor pela vida e por ter proporcionado minhas melhores “viagens”, mesmo aquelas que viajei na ”maionese”. Desde então devoro livros, revistas e a parte cultural dos jornais; e vivo escrevendo crônicas, poesias que surgem de vez em quando para alimentar minha alma e me propiciar novas viagens.

Rodrigo