Ayvu Rapyta - Palavra Habitada
Somos um grupo de contadores de histórias
que tem como fio condutor as narrativas contadas e costuradas na roca do tempo das culturas.
Buscamos no prazer das leituras, habitar com sonho e magia no coração das pessoas.
www.ayvurapyta@gmail.com e também no facebook

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Aniversarau - Rita Melém

No dia 17 de dezembro de 2008 ocorreu no Teatro Experimental Waldemar Henrique o "Aniversarau", onde festejamos a nova idade da poeta paraense Rita Melém e o lançamento do seu livro "Portapalavras". Foi uma noite inesquecível, marcada por poesia, dança, encatamento, emoções, alegrias. Em homenagem a essa grande poeta e amiga do grupo, aí está um dos vídeos dos contadores ensaiando a "apresentação - presente" para o Anivesarau!!

Celebrando a chegada do Ano Novo

Drummond nos presenteia de uma forma tão poética com uma lição não só para esse momento, mas para a vida...

RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?)

Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumadas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade

O primeiro ano de Ayvu rapyta

Uma ligação no mês de fevereiro de 2008 deu novos rumos a minha vida. Este ano que se encerra iniciou meio que incerto, um novo ciclo começava, e o que podemos esperar disso? Novidades! Devo confessar que sempre relutei a mudanças, às vezes pareço um velho antiquado disfarçado de jovem. Com as mudanças em minha vida me fechei em mim mesmo, e de certa forma isso foi bom, pois me encontrei com o meu eu, e assim pude identificar de uma forma menos dolorosa e difícil, minhas limitações, minhas potencialidades e necessidades. Pronto aí estava à chave para saber lidar com o novo.
Fazia muito tempo que a contação de histórias estava de lado em minha vida, como um brinquedo que largamos no canto do quarto, ou porque não gostamos ou por necessidade, na verdade, prioridades, que se refletirmos bem, nem são tão prioridades assim... O tempo, este bendito tempo fez com que eu deixasse a literatura da voz de lado. E então logo vi que essa era uma das minhas principais necessidades, uma necessidade da alma. E então aquela ligação de Andréa Cozzi, me convidando para um encontro de educadores e contadores no bosque, mudou tudo. Que felicidade, nunca vou me esquecer daquele dia chuvoso, típico da nossa terrinha abençoada. Lá estava para se iniciar uma nova história, que mudou a minha vida. Lá educadores da rede municipal de ensino se reuniram para levar a contação a suas escolas e fazer disseminar a literatura da voz e todas as suas possibilidades.
E aí foi indo e indo... Nasce o Ayvu rapyta por entre os sábados ensolarados e chuvosos do bosque, tornando aquele local ainda mais bonito e especial.
Fazer parte desse grupo, dessa história, é um prazer para mim. Sinto-me muito feliz a cada reunião, a cada apresentação; ao ver os olhinhos das crianças brilhando com os contos de fada, mordendo os lábios de medo com as histórias saídas das linhas do Walcir, sorrisos tímidos aparecendo após a declamação de poemas. Tudo é tão encantador; momentos que alimentam a nossa alma e que nada paga. Um trabalho que nos dá forças para levar a vida nesse “mundo grave” que anseia por poesia.
Neste fim de ano só tenho a agradecer pelo nascimento do grupo de contadores de histórias Ayvu Rapyta, a todos os integrantes que ajudaram a construir essa história, a todos que nos apoiaram e nos apóiam a todos que visitam nosso blog e compartilham conosco desse amor pela arte, pela palavra falada, habitada em cada um de nós. Que em 2009 esse amor só faça crescer, transbordar e habitar em mais e mais corações!!!

Rodrigo Grilo.