Ayvu Rapyta - Palavra Habitada
Somos um grupo de contadores de histórias
que tem como fio condutor as narrativas contadas e costuradas na roca do tempo das culturas.
Buscamos no prazer das leituras, habitar com sonho e magia no coração das pessoas.
www.ayvurapyta@gmail.com e também no facebook

sábado, 9 de maio de 2009

Uma conversa sobre mães

Uma conversa sobre mães



“Mãe é tudo que abraça, acha graça e ama a gente”. É assim que Sylvia Orthof traduz o Ser Mãe, quando coloca que “se a Terra fosse mãe seria mãe das sementes...” realmente, somos como Gaya a Terra Mãe, carregamos em nosso centro-ventre uma semente que cuidamos, alimentamos e que, aconchegada em nossa barriga, sente-se protegida de toda sorte ruim. No processo de germinação a nova planta permanece e permanecerá ligada à sua mãe pela raiz, que quanto mais profunda for garantirá à vida da nova planta melhor qualidade.
No parto o novo Ser nos é separado fisicamente, mas o que nos uni é uma raiz invisível tão forte e impossível de ser erradicada que é capaz de nos manter ligados de tal forma que não perdemos nossa capacidade de sermos como Gaya (Mãe Terra ) buscamos sempre envolver nossos filhos em nossos braços, sermos fonte de aconchego e segurança, não importando mesmo nossos medos, dúvidas e fraquezas, para eles elas, nossos filhos e filhas, somos o retorno ao centro-ventre fonte de toda segurança.
Assim, podemos ser solo que nutre, fortalece e ajuda a viver, sendo mães que dão condições de vida independente e sadia e criamos filhos felizes. Podemos ser solo fraco, que não consegue alimentar a nova planta sendo mães que não oferecemos condições de que nossos filhos respirem o ar de suas próprias vidas sufocando-os e levando-os á dependência e à infelicidade.
Busquemos sempre sermos solo forte!
E por mais confusas que possamos parecer, sim, pois ao mesmo tempo em que ficamos felizes com suas vitórias seja com os primeiros passos ou com o fato de tirarem a carteira de motorista, sempre pensamos “nossa, meu filho está crescendo!”, “minha filha já não precisa mais de mim...”não é confusão nem fraqueza é que ficamos com saudade do tempo em que nossas sementes estavam em nossa barriga e que a nós e em nós eram totalmente ligados,sentimos saudade de quando éramos apenas como Gaya a Mãe Terra.




Feliz dia das Mães, a todas nós.

Beijos, Ana Selma Cunha.

Sei que me amas...


Em cada momento eu sinto
Dentro do peito esse sentimento.
Sim, eu sinto.

Ainda no furor das palavras ou no teu olhar,
Do fundo do teu coração transbodar
O puro amor por cada fruto,
Que presenteou ao mundo.

Quando sorri ou perde a graça
Ainda quando disfarça, me sinto amado e
Amparado por ser teu fruto.

Quando estou longe ou bem distante
Sinto teu gemido dentro de mim
Sinto teu abraço e ele me faz dormir.

Ao pedir sua benção
Percebo o quanto sou protegido, guardado e socorrido.
E por isso sou grato.
Por todos esses fatos que provam
O quanto me amas
E que sou teu filho.

Feliz dia das Mães

por Clóvis Martins

Belém-PA, 08 de Maio de 2009

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Carta aberta ao mundo das palavras

Meus queridos contadores do AYVU RAPYTA...
Que alegria saber que lá se vai já um ano que a palavra enredou vocês todos num laço de grupo!
Esse laço que volteia e teima em unir as pessoas que têm corações na boca é tal qual nó de marinheiro, difícil de desatar!
E esse barco carregado de histórias vai singrando as águas claras do tempo, rumo às águas que brotam dos olhos de todas as pessoas ávidas por ouvirem histórias.
Já pensaram que maravilha essa de poder levantar ondas de sete palmos (de gigante) em que mergulha o desejo do ouvinte de uma boa história? Já imaginaram que festa é o encontro dessas águas? As águas de quem espalha histórias e as águas de quem quer navegar num mar de histórias! E os oceanos de húmus e areias, por baixo, a criarem solo fértil para a memória de leitura de todo aquele que dá ouvido a muitas histórias.
E mais: quem conta oferece cavalos (-marinhos), conduz pela mão, prepara a montaria para o outro, corre ao lado, atravessa a linha de chegada!
Conduzir é ofertar! E esses cavalos-histórias, e essa aves-histórias, essas embarcações-histórias em tantas mãos, viram rodeios, conclamam festivais, inauguram quermesses, planejam rondas ao redor dos altares que todo livro ergue. Que toda história prenuncia. Que todo encontro entre boca contante e ouvido sonhante concretiza.
Esse mundo, ainda que feito pelo poder da palavra (e mesmo subterrâneo), há de ser, na voz de vocês, povoado de palavras-peixes, palavras-algas, palavras-cristais a enfeitarem os reinos escondidos, que se revelam como os corais, em cores e movimentos (já se sabe, delicados!), cada vez que um contador de histórias abre a boca para contar, em qualquer tempo e lugar!
Toda história perfumada pelas palavras habitadas de espíritos benfazejos são flores (de mar e terra) que atapetam a vida de multidões. Que vocês tomem sempre a palavra como corpo e como casa e a habitem com toda a beleza, com todo o respeito, com todo o poder de quem sabe bem o que faz. Uma palavra habitada lança, para sempre, luz ao mundo subterrâneo que uns insistem em chamar de fantasia, mas que agora prefiro chamar teimosamente de sobre-vida. Essa vida, que estando no fundo, está também sobreposta a nós. Porque sem ela, já não somos ninguém.
Pelo pacto profundo de termos ambos escolhido a arte de contar, e com o sopro, divino, de quem pode conclamar, peço-lhes: Faça-se a história! A vossa própria história!

CELSO SISTO
Porto Alegre, 18 de abril de 2009