Ayvu Rapyta - Palavra Habitada
Somos um grupo de contadores de histórias
que tem como fio condutor as narrativas contadas e costuradas na roca do tempo das culturas.
Buscamos no prazer das leituras, habitar com sonho e magia no coração das pessoas.
www.ayvurapyta@gmail.com e também no facebook

domingo, 11 de maio de 2008

Quem dá mais um ponto?


Cresci entre histórias de rio e rua, minha infância foi povoada com as histórias que minha avó contava, sua contação iniciava depois do jantar, e a molecada da rua se aconchegava na escada alta da casa e de lá só saíam após muita insistencia das mães. As histórias influenciaram profundamente a forma de ver o mundo e as pessoas e se fortaleceram e nutriram meu ser por toda trajetória de vida até hoje. Certa vez “ouvi” de um índio contador de histórias que também cresceu entre as histórias de seu avô, que as narrativas ouvidas ficam por algum tempo guardadas no rio de nossas memórias, como as areias do fundo de um igarapé, quietas, tranqüilas, e somente são agitadas quando alguém as revolve, então elas se mostram. Acredito que as histórias da Vó Mirica são as responsáveis pelo meu caminhar e a necessidade da troca singular que a educação oferece a mim. Que gostosura de infancia!! Posso até sentir o cheiro daquelas noites...Ah, se todos pudessem ter um encantador de histórias. Por isso posso dizer que não escolhi, e sim me percebi educadora emaranhada por fios de vida tecidos por muitas vozes que me ajudam a tentar ser humana e crer na possibilidade de uma educação que privilegie o ser e sua diversidade, em que o saber construído faça o caminho inverso do que está posto, emane do meio que o cerca, um conhecimento que valorize o pensar, o sentir e o agir, além de inflamar paixões, fantasia, ludicidade. “É o que é trabalhar com amor?...É semear as sementes com carinho e fazer a colheita com alegria, como se o vosso bem-amado fosse viver naquela casa”(Khalil Gibran)Meninos e meninas, este espaço é todinho nosso, então soltem o verbo e nos contem sua história como contador de histórias...Andréa Cozzi

A formação do grupo de contadores de histórias faz parte de uma ação do Projeto Baú das histórias que visa atender as 35 (trinta e cinco) Unidades de Educação Infantil, 33 (trinta e três) Unidades Pedagógicas e 04 (quatro) espaços educativos vinculados ao projeto Escola Nativa, da Secretaria do Município de Educação de Belém,através do Sistema Municipal de Bibliotecas Escolares, considerando que tais espaços educativos não possuem bibliotecas e acervos para alunos, professores e a comunidade. Cada espaço educativo receberá um Baú das Histórias, que será confeccionado em madeira, recebendo produção artística, terá, inicialmente, um acervo de 200 (duzentos) livros de literatura infantil e juvenil.O projeto contará com atividades de fomento a leitura, como: Conversas Literárias (Encontro com Escritores), Colcha de Histórias (Contar e Ouvir histórias), Memórias de Leitura (Coleta das Memórias de Leituras dos Professores para edição de um livro) e Ambiência de Leitura, I Encontro de Contadores de histórias da Rede Municipal de Belém .O grupo é composto por professores da Rede Municipal de Educação, provenientes das Escolas, Unidades de Educação Infantil e Unidades Pedagógicas,objetivando fomentar nos espaços educativos a contação de histórias, além de instigar nos interessados na milenar arte de contar histórias momentos de pesquisas e vivencias, deixando-os sensíveis a alguns requisitos básicos para se contar, desde o envolvimento com a leitura e escrita, o exercício do ouvir, a escolha do repertorio, até chegarmos ao momento supremo de doação e troca entre o contador e o ouvinte.Um dos maiores desafios nas escolas é alimentar a ludicidade e o prazer da leitura e escrita, ao invés de transformá-los em apenas instrumentos pedagógicos.A formação do leitor simbólico envolve a percepção do que está implícito no texto, na busca do sentido, da identificação para si, das palavras ganharem vida através do corpo, no despertar do imaginário, da criatividade, do senso critico, entre outros que uma boa narrativa pode trazer.