Ayvu Rapyta - Palavra Habitada
Somos um grupo de contadores de histórias
que tem como fio condutor as narrativas contadas e costuradas na roca do tempo das culturas.
Buscamos no prazer das leituras, habitar com sonho e magia no coração das pessoas.
www.ayvurapyta@gmail.com e também no facebook

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Ayvu Rapyta na Feira do Livro

Essa história de contador é mesmo contagiante. Primeiro dá um friozinho na barriga, a mão fica gelada e a cabeça parece flutuar, mas tem que ficar esperto, tem muita gente olhando e não pode ter vexame. É mais uma apresentação do grupo Ayvu Rapyta, são contadores levando muito mais que histórias. Levam alegria e encantamento onde quer estejam. Vocês já repararam como eles gostam de brincar, de rir?, e riem por qualquer coisa, é só festa quando estão por perto, mas conseguem ficar sérios e contar histórias com tudo o que elas têm direito: suspense, mistério, humor, tristeza, alegria... Estou gostando cada vez mais de fazer parte desse grupo. Posso dizer com tranqüilidade que o Ayvu Rapyta arrasou na XII Feira Pan-amazônica do Livro e quero dar parabéns a todos, pois sei o quanto cada um se dedicou para que o resultado fosse o melhor possível. Tenho certeza que conseguimos plantar uma semente de contador em vários dos nossos ouvintes, pude perceber nos olhinhos atentos e semblante feliz. Beijos!

Joana Martins

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Cenas e olhares da XII Feira Panamazônica do livro

A Feira Panamazônica chega a sua XII edição, este ano homenageando os 100 anos da imigração japonesa no Brasil, é só entrar na feira e perceber o olhar do oriente nos tisurus gigantes pousados nos móbiles, apenas para citar um, a arte de dobrar papeis, encantamento puro trazido com a cultura e a arte de um povo que aqui chegou para compor o mosaico cultural brasileiro.
Antônio Tavernard,o escritor homenageado foi poeta, contista, cronista e romancista,que faleceu muito jovem mas deixou a beleza da sua obra para ser contado e cantada.
Para nós do grupo Ayvu Rapyta, esta feira será memorável como o nosso batismo enquanto grupo, com direito a nome, figurino, repertório e ousadia.Foram dias de preparação, tínhamos que dividir o tempo das histórias entre uma aula e outra, quem é professor sabe do cotidiano referido!Portanto, temos um contentamento em dividir com vocês algumas cenas do cotidiano do grupo na Panamazônica, desejando que seja apenas a primeira de muitas do Ayvu rapyta.
"Pois esta é apenas uma das histórias que sabemos contar, e como sabemos."

Internet: uma via de mão-dupla

A internet é o instrumento de comunicação mais utilizado nos dias de hoje, onde o fluxo de informações, novidades e entretenimento estão ao nosso alcance com muita facilidade, pois com um simples “click” estamos conectados ao mundo.
É difícil enumerar quantos benefícios à internet nos trouxe. Foi um grande avanço para as telecomunicações, uma grande ferramenta para pesquisas, estudos científicos, organizacional (em vários aspectos) e até sentimental, diminuindo tempo e espaço. Com ela, tudo ficou muito mais rápido e prático e fez com que esse mundo dominado por técnicas, agilidade e competições se tornasse muito mais ativista e produtivo.
Porém, o uso sem maturidade e responsabilidade desse instrumento, fez com que ele se transformasse em uma via de mão-dupla; pois há um abuso da imagem, de informações sem bases sólidas e pessoas ocultas por vidas pseudo-verdadeiras, causando assim uma desordem social e comportamental.
Infelizmente, o ativismo de nossa sociedade tole coisas imprescindíveis para a vida humana, como o diálogo, a compreensão, amor, respeito, dignidade e honestidade, fazendo com que “esta terra sem lei”, a internet, tome proporções enormes que contribuem para a disseminação do mal e abre as portas da miséria humana e de todas suas carências sentimentais e psicológicas.
As maiorias das pessoas que a utilizam, sem maturidade, escondem suas verdadeiras personalidades e potencialidades negativas ou positivas. Na internet, as pessoas se mostram sem se mostrar, ocultam seus erros e limitações, desilusões e sentimentos ruins, para procurarem serem vistas e amadas por todos no mundo virtual, mesmo sendo um amor que apenas preenche o ego momentaneamente.
A internet é uma ferramenta única e a solução para vários problemas, entretanto, devemos lembrar que é uma liberdade que necessita de responsabilidade para o seu uso, pois a pessoa imatura utiliza mal essa liberdade, o que pode ocasionar sérias conseqüências. A maldade não está na internet, mas sim na cabeça dos homens.


Rodrigo Grilo

Tu e eu - Luis Fernando Veríssimo

Tu e eu
Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
Eu não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.
Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
És vidrada no Lobo
eu sou mais albônico.
Tu, fão.
Eu, fônico.
És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu, piniquim.
Eu, ropeu.
Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu, multo.
Eu, carístico.
És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu, cano.
Eu, clidiano.
Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu, tano.
Eu, femismo.

(Texto enviado por Rodrigo Grilo)

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Cordel de memórias - parte II

Ei, você, preste muita atenção:
Pois agora vou lhe dizer
Como em minha vida
Entrou das histórias a contação
O ato ancestral e mágico
Que encanta o coração

Meu pai, nordestino de nascimento,
Homem de poucas letras
Mas de muito conhecimento
Muitas e muitas noites
Com versos de cordel
Fazia meu divertimento

Eram histórias fascinantes
De trancoso dizia ele,
De mulheres tão arretadas
Que no diabo davam até nó
De homens tão espertos que aos
Enganavam só restava a dó

E as histórias ficaram
Durante algum tempo
Em mim caladas
Até que alguém me disse:
Ei acorda, história é pra ser contada!
Vem aprender com uma certa garotada....

A garotada em questão
Era de fato uma mágica trupe
Crianças contadoras de histórias
Encantadores da palavra
Comandados por duas fadas
Eram os meninos do Tuerarup

E descobri em mim então
Um bicho que não se cala
Que transborda e se espalha
Que entra por uma porta
E sai por outra
E se mostra pela fala.

E agora de conto em conto
Vivo aumentando um ponto
Pontos na teia do texto
Pontos na teia da vida
E se mais você quiser saber?
Deixa que depois eu te conto...

Ana Cunha