Ayvu Rapyta - Palavra Habitada
Somos um grupo de contadores de histórias
que tem como fio condutor as narrativas contadas e costuradas na roca do tempo das culturas.
Buscamos no prazer das leituras, habitar com sonho e magia no coração das pessoas.
www.ayvurapyta@gmail.com e também no facebook

domingo, 15 de junho de 2008

Compartilhamento...

Caros companheiros da aventura de viver e formar leitores,

Gostaria de compartilhar fragmentos de um texto de Guiomar de Grammont,que me comove.Lembrando que comover é nos tirar do lugar,nos tirar de onde estamos,que ele possa acompanhá-los,inspirá-los e fortalecê-los nos momentos de dúvida e "sozinhez".Tenham um ótimo dia,um grande abraço solidário e quixotesco,Delani.
"A pensar a fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem.
A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Dom Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado,de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram,meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tornou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-lo com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas pra que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens?Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem necessariamente ser longos. Ler pode gerar a invenção. (...)
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos sentimentos. A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida. Ler pode tornar o homem perigosamente humano."
Lani Alves(in memórian)

A Bolsa Amarela - O 1º livro a gente nunca esquece!


"Eu tenho que achar um lugar pra esconder as minhas vontades." Assim começa o primeiro livro que levei emprestado da biblioteca da escola na 3ª série! A frase inicial fez com que Raquel e eu continuássemos juntas até hoje, ambas buscavam este lugar secreto de guardar vontades... Lembro o quanto o episódio do galo chamado Terrível pôs-me a pensar, na verdade não parava um minuto de pensar que haviam costurado o pensamento dele com linha bem forte pra que achasse que só podia ser galo de briga, e nem imaginam o que aconteceu com ele... (desculpem não dá para contar a história, o nº de caracteres não suporta, a danada mania de contador de histórias, falar e falar, então vocês terão que ler) Pois bem,pra todo mundo, todo mundo mesmo, leio este livro, ele representa muitas coisas para mim, especialmente autonomia, como já citei, foi meu primeiro empréstimo, levei para casa e depois de sete dias estava lá para buscar outros, tinha até carteira da biblioteca com foto 3x4.
Chegou o dia de conhecer a “mãe" da bolsa amarela, Lygia Bojunga veio a Belém para uma conversa literária no IAP, descobri que muitos na platéia tinham histórias com este livro, no final pedi pra que ela dedicasse o meu exemplar a Sofia, já falei a ela que esta é a herança que deixarei, uma bolsa toda amarela!
Andréa Cozzi

A serpente e o vagalume - Quem lembra dessa história?

Conta a lenda que uma vez uma serpente começou a perseguir um vagalume, que fugia rápido com medo da feroz predadora; a serpente nem pensava em desistir. Fugiu um dia e ela não desistia, dois dias e nada... No terceiro dia, já sem forças o vagalume parou e disse à cobra:Posso lhe fazer três perguntas? Não costumo abrir esse precedente para ninguém, mas já que vou te devorar mesmo, pode perguntar...
Pertenço à sua cadeia alimentar ? Não.
Eu te fiz algum mal?Não.
Então, por que você quer acabar comigo? Porque não suporto ver você brilhar...