Ayvu Rapyta - Palavra Habitada
Somos um grupo de contadores de histórias
que tem como fio condutor as narrativas contadas e costuradas na roca do tempo das culturas.
Buscamos no prazer das leituras, habitar com sonho e magia no coração das pessoas.
www.ayvurapyta@gmail.com e também no facebook

domingo, 1 de junho de 2008

Memória da Reunião



Em 31/05/08, Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves, Chalé de ferro. E cá estávamos nós em nosso ninho de ave... Quem já foi as reuniões do grupo sabe do que estou falando, nos sentimos acolhidos e aconchegados ao redor da colcha de retalhos emprestada pela Srtª Sofia perna de gia mais corre que nem cutia(ultimamente gosta de ser chamada de fada brilhante que arruma o quarto).Fechamos os estudos sobre o percurso histórico do contador com o texto da Cléo Busatto "A contação de histórias no século XXI: Um encontro mediado pelo suporte digital” (texto extraído do livro A arte de contar histórias no século XXI – tradição e ciberespaço. Petrópolis: Vozes, 2006).Ficou como encaminhamentos:· A necessidade de agendarmos o auditório do bosque para conhecermos melhor os CDs-rom da Cléo “Contos e encantos dos quatro cantos do mundo” e “Lendas brasileiras”, precisamos caminhar rumo ao quarto movimento que o texto acima citado nos traz – um sopro no ciberespaço;· Precisamos amadurecer a idéia do batizado do grupo (cadê o nome do neném?);· Mapear os grupos ou contadores de histórias de Belém;· Dar continuidade a costura de nossa colcha de retalhos;· Participar do I Encontro Municipal de Informática, Literatura e Educação – Leituras e leitores. 03 a 06 de Junho, 08:00 as 12:00, NIED- Núcleo de informática educativa.Neste último encaminhamento é necessário que o grupo se faça presente, pois faz parte de nossa formação enquanto mediadores de leitura, o evento foi pensado com carinho pelo SISMUBE e NIED, terá como palestrantes o Profº Benedito Nunes, Profª Stella Pessoa e Profª Lilia Chaves.Os que fazem parte da SEMEC receberam comunicado oficial nos seus espaços educativos para obterem liberação durante o evento.Portanto, não há impedimentos para alimentarmos nossas almas de leitores!! Vejo vocês lá.
Andréa Cozzi
LOUCURA? SONHO? TUDO É LOUCURA OU SONHO NO COMEÇO.NADA DO QUE O HOMEM FEZ NO MUNDO TEVE INÍCIO DE OUTRA MANEIRA,MAS JÁ TANTOS SONHOS SE REALIZARAM QUE NÃO TEMOS O DIREITO DE DUVIDAR DE NENHUM”.(MONTEIRO LOBATO. Miscelâneas. São Paulo: Brasiliense. 1956. 7ª. edição p. 178)

Minha vó contava...E eu jamais imaginava que era de Perrault, acho que nem ela.



As Fadas

Contos de Perrault


Era uma vez uma viúva que tinha duas filhas. A mais velha se parecia tanto com ela, no físico e no temperamento, que quem via a filha, via a mãe. As duas, mãe e filha, eram tão desagradáveis e tão orgulhosas que viver com elas era impossível. A caçula, que era o retrato do pai, por sua doçura e bondade, tinha ainda a seu favor o fato de ser uma das moças mais lindas que se pode imaginar. Como todo mundo gosta é de quem lhe é semelhante, a mãe era louca pela filha mais velha e, por outro lado, tinha uma terrível aversão pela caçula. Obrigava-a a comer na cozinha e a trabalhar sem descanso.Cumpria à pobre menina, entre outras coisas, ir buscar água duas vezes por dia num lugar distante uma boa meia-légua da sua casa, de onde trazia um grande cântaro cheio até as bordas. Um dia ela se achava junto à fonte quando apareceu uma pobre mulher que lhe pediu um pouco de água para beber. "Pois não, minha boa mulher", disse a bela moça, e, depois de lavar rapidamente o cântaro, encheu-o onde a água da fonte era mais pura e cristalina e o ofereceu à mulher, segurando-o para que ela pudesse beber mais à vontade. Após ter bebido, a boa mulher lhe disse: "Você é tão bonita, tão gentil e tão boa que não posso deixar de lhe conceder um dom (pois ela era uma fada que havia assumido a forma de uma mulher pobre da aldeia a fim de ver até onde ia a bondade daquela jovem). Você terá o dom de fazer sair pela sua boca, a cada palavra que disser, uma flor ou uma pedra preciosa".Quando a linda moça chegou em casa, a mãe repreendeu-a por voltar tão tarde da fonte. "Peço-lhe perdão, minha mãe", respondeu a pobre moça, "por ter demorado tanto" - e ao dizer essas palavras saíram de sua boca duas rosas, duas pérolas e dois enormes brilhantes. "Que vejo?", disse a mãe grandemente admirada. "Parece-me que estão saindo de sua boca pérolas e brilhantes! De onde vem isso, minha filha?" (Era a primeira vez que a chamava de filha). A pobre moça contou-lhe ingenuamente tudo o que lhe havia acontecido, não sem deitar pela boca, enquanto falava, uma infinidade de diamantes. "Com efeito", falou a mãe, "preciso mandar minha filha até lá. Olhe só, Franchon, veja o que está saindo da boca de sua irmã, quando ela fala. Você não gostaria de ter também esse dom? É só você ir buscar água na fonte, e quando uma pobre mulher lhe pedir um pouco de água para beber você deverá atendê-la com toda a gentileza." - "Era só o que me faltava", retrucou a grosseirona da outra filha, "ir buscar água na fonte!" - "Pois quero que você vá", retrucou a mãe, "e agora mesmo!"Ela foi, mas sempre resmungando. Pegou o mais bonito vaso de prata que havia na casa e mal tinha chegado à fonte viu sair do bosque uma dama esplendidamente vestida, que lhe pediu um pouco de água. Era a mesma fada que havia aparecido à sua irmã, mas que agora assumira os ares e os trajes de uma princesa, para ver até onde ia a grosseria daquela moça. "Você acha que vim até aqui para lhe dar de beber? Que trouxe um vaso de prata expressamente para dar de beber à ilustríssima? Que beba você mesma, se quiser." - "Você não é nada gentil", retrucou a fada, sem se encolerizar. "Pois bem! Já que é tão pouco prestimosa, eu lhe darei este dom: a cada palavra que disser sairá de sua boca uma cobra ou um sapo".Logo que a mãe a viu chegar, gritou para ela: "E então, minha filha?" - "E então minha mãe?", respondeu-lhe a grosseirona, soltando pela boca duas víboras e dois sapos. "Céus", exclamou a mãe. "Que vejo! É sua irmã a culpada, ela me pagará". E logo correu para lhe dar uma sova. A pobre moça fugiu e foi esconder-se numa floresta próxima. O filho do rei, que retornava da caça, viu-a e a achou tão linda que quis saber o que fazia ali sozinha e qual motivo por que chorava. "Ai de mim, meu senhor", respondeu ela, "a minha mãe me expulsou de casa". O filho do rei, que acabara de ver sair de sua boca cinco ou seis pérolas e um igual número de brilhantes, pediu-lhe que lhe explicasse de onde vinha tudo aquilo. Ela lhe contou toda a sua história. O filho do rei apaixonou-se por ela e, considerando que semelhante dom valia mais do que tudo o que uma noiva pudesse levar de dote, conduziu-a ao palácio do rei seu pai, onde a esposou.Quanto à sua irmã, ela se tornou uma pessoa tão odiosa que sua própria mãe a escorraçou de casa. E a infeliz, depois de ter procurado em vão uma pessoa que a acolhesse foi morrer sozinha num recanto perdido do bosque.
Andréa Cozzi